Bom Shankar Bollenajh (1988)
Depois da intensa produção de música psicodélica entre os anos 1973-1976, o pernambucano Lula Côrtes voltou a gravar no início dos anos 80, lançando dois álbuns em carreira solo. Em 1988, morando em São Paulo, reencontrou o amigo Jarbas Mariz, que havia participado de Rosa de Sangue e Paêbirú.
Lula no tricórdio, Jarbas na viola de 12 cordas e Roberto Lazzarini (Terreno Baldio) nos teclados. Rapidamente esse time estava registrando três canções em uma fita cassete, no estúdio de Lazzarini. Lula era muito amigo da herdeira das Casas Pernambucanas, Christina Lundgren, que tinha uma produtora em São Paulo. Christina apreciava bastante música indiana e ficou encantada com as novas composições de Lula e Jarbas, onde o Oriente encontrava o Ocidente através da união do tricórdio com a viola. Ficou tão animada com o resultado que viabilizou o lançamento de um LP completo, inteiramente instrumental.
No frio paulistano, a dupla passou a compor o restante do material no ateliê de Lula. Já em estúdio, gravaram as bases e contaram com participações do próprio Lazzarini, Ivinho, Alberto Marsicano, Oswaldinho do Acordeon, Zé Eduardo Nazário e até Paulo Ricardo (RPM), que tocou baixo em "Eu Tentei".
"Esse disco significa muito para mim, tenho muito orgulho dele, mas eu sabia que era um trabalho que não iria tocar na rádio e não iria fazer sucesso. É um disco que dava continuidade ao que Lula fez no Recife, nos anos 70. Ele costumava dizer que Bom Shankar Bolenajh era o Satwa dos anos 90, relembra Jarbas Mariz, que tem a capa do disco tatuada no braço e muita saudade do parceiro: "Quando Lula morreu, eu chorei muito, percebi o quanto eu gostava daquele bandido."