Lula Côrtes e Zé Ramalho – Paêbiru (1975)
Paêbirú não é somente o disco brasileiro mais raro e valioso de todos os tempos, é também o marco de um momento único dentro da psicodelia. O misterioso e peculiar álbum duplo compilou todos os conceitos e ideias do coletivo de Lula Côrtes, expandiu os experimentos dos álbuns anteriores daquela fértil cena e levou tudo a um novo patamar, ainda inexplorado.
O libreto de oito páginas que acompanha a edição original serve de cartilha, um verdadeiro quem é quem dentro da psicodelia nordestina. Tanto que a atmosfera é de comunidade hippie, com cantos sagrados, raga rock, acid folk, ritmos africanos e misticismo. Cada um dos quatro lados vinha dedicado a um dos elementos da natureza: Terra, Ar, Fogo e Água.
Se a exposição tivesse sido maior, Paêbirú poderia tranquilamente ter sido o manifesto sonoro sucessor da Tropicália. Mas o destino da obra foi o underground, ainda mais quando, ironicamente, uma intempérie de tão poderosa natureza (homenageada no disco) fez questão de destruir a grande maioria das cópiasriginais, levadas pela correnteza de uma enchente que inundou a fábrica da gravadora pernambucana da Rozenblit. Depois do disco, Zé Ramalho virou medalhão da MPB. Lula Côrtes permaneceu fiel ao “udigrudi” e morreu em 2011.
Terra
1a – Trilha de Sumé
1b – Culto à Terra
1c – Bailado das Muscárias
Ar
1- Harpa dos Ares
2 – Não Existe Molhados Igual ao Pranto
3 – Omm
Fogo
1 – Raga dos Raios
2 – Nas Paredes da Pedra Encantada, os Segredos Talhados por Sumé
3 – Maracas de Fogo
Água
1 a – Louvação a Iemanjá
1 b – Regato da Montanha
2 – Beira Mar
3 a – Pedra Templo Animal
3 b – Sumé