Rosa de sangue (1980)
O final da década de 70 foi turbulento na vida do pernambucano Lula Côrtes. Tudo ao seu redor parecia ruir: o seu coletivo Abrakadabra, seu casamento, sua parceria com Zé Ramalho e até mesmo seu selo Solar, já que a Rozenblit, a fábrica de discos que havia materializado seus sonhos, passava muitas dificuldades depois dos consecutivos alagamentos do seu parque industrial. Sentindo que precisava encerrar aquele capítulo de sua vida, o artista organizou um show de despedida no Recife, apresentando ao vivo os discos psicodélicos daquele fértil cenário, com os músicos que fizeram parte do seu sonho lisérgico. Côrtes sentiu que, além do show, seria necessário criar um novo disco que encerrasse com chave de ouro aquele período. Assim nasceu Rosa de Sangue. Para a surpresa de Côrtes e de sua nova banda, Montanhas, eles não estavam sozinhos. Muitos músicos e amigos foram visitá los durante as gravações e acabaram participando do LP: Alceu Valença, Paulo Rafael, Jarbas Mariz, Cátia de França, Ricardo Uchôa, Zé da Flauta, Flávio Lira, entre outros. O resultado não foi apenas o seu primeiro disco solo, mas um comovente e pungente retrato de sua vida até então. Infelizmente, o destino de Rosa de Sangue era a obscuridade. Acontece que antes do disco ser distribuído, Côrtes fechou contrato com a Ariola para o seu último trabalho, O Gosto Novo da Vida (1981). Reza a lenda que a modesta prensagem original de Rosa de Sangue foi confiscada e destruída, o que fez do LP um dos mais raros do Brasil. Só em 2019 que a o álbum foi relançado em uma nova prensagem através da Polysom, licenciado pela Somax, que detém os direitos sobre o acervo da extinta Fábrica de Discos Rozenblit. (Lindo Sonho Delirante, por Bento Araújo)